Estão Sendo Tecidos.
2018.
Duração: 16'42".
"Estão Sendo Tecidos” consiste no registro (com estética caseira) em vídeo de minha mãe, Maria Conceição, trançando meu cabelo, enquanto conversa comigo e com minha esposa, Dheyne de Souza, sobre acontecimentos de sua infância, como o trabalho em diferentes lavouras, o convívio e os costumes da família, a convivência com descendentes de escravizados e pessoas que viveram nessa situação, as condições de trabalho, a dificuldade da vida no interior, o cuidado com o corpo e com os cabelos, entre outras questões. O vídeo da feitura das tranças é mesclado com trechos de vídeo, em que enterro, em gesto performático, em um ambiente rural, as tranças feitas pela minha mãe, invertendo a posição da cabeça e a dos pés, consequentemente a perspectiva do horizonte. A conversa acontece em torno de histórias da infância e adolescência de minha mãe, histórias essas que se confundem com o contexto geral da vida de várias famílias no interior de Goiás e do Centro-Oeste do Brasil, pós-anos de 1950. O trabalho não se trata unicamente de uma experiência de retomada de relações entre familiares, mas remete a processos de ancestralidades, tradições transmitidas pela oralidade. Remete também à base da formação do tecido social (estão sendo tecidos), histórico e cultural do país e, consequentemente, às condições de desigualdades políticas e sociais que estruturam a sociedade brasileira.