Hiato
Wagner Barja
E S P A Ç O em branco para uma possível clarividência da informação.
Se se tomar ao pé da letra o que nomeia a pesquisa que atravessa os conceitos da proposta de Helô Sanvoy, não nos diria nada. Considerado o hiato, menos como simples regra gramatical e mais como metáfora artística, desvenda-se, em parte, o enigma que o artista nos traz.
O hiato, nessa abordagem, adverte que: a informação noticiosa acumulada não significa necessariamente a obtenção do Conhecimento. Nessa proposta estética, as subtrações semânticas propõem outra espécie de semântica: onde a pausa para reflexão desdobra-se numa deriva em oposição ao acúmulo produzido pelo mundo globalizado, hiperinformatizado e mediado em altíssima velocidade pela comunicação textual e imagética. Simbolicamente, o artista para tudo e respira, para apontar um desvio do inevitável encontro com a notícia proveniente das mídias jornalísticas de massa.
Nessa aventura conceitual, Sanvoy propõe a abertura de uma janela ao olho que pensa e percebe para além da simples informação. Aquela que banaliza nosso cotidiano. Abre-se, então, uma fresta de luz nessa caverna escura de onde se avista um possível horizonte mais ampliado e “livre” do bombardeio.
Texto para a exposição "Hiato". Referência Galeria de Arte. 2018. Brasília-BD.